Quais são as Vertentes do Feminismo?

Entenda as Vertentes Feministas!

Nesse artigo, você vai entender quais são as principais vertentes do feminismo que temos nos dias de hoje, desde quando existem e quais são os seus principais objetivos.

Introdução

Com as Redes Sociais e as Ferramentas de Busca, tipo o Google, a quantidade de informações sobre qualquer assunto ficou absurda. Tão absurda que, às vezes, é difícil sistematizar e entender tudo.

Quando falamos de Feminismo e de Movimento Feminista, não poderia ser diferente! Tem muita informação por aí! E sabendo disso, a Historiadelas veio te ajudar a organizar essa informação toda!

Vamos juntas?

Quais são as Vertentes do Feminismo?

Antes de tudo é importante saber que as Vertentes do Feminismo que temos hoje não são fruto do mero acaso! Todas elas tem uma História de organização, de conquistas, de idas e vindas, de reivindicações que foram organizadas didaticamente nas Quatro Ondas Feministas, desde o século XIX.
Ainda a falar das várias vertentes, é importante dizer que o fato de existirem várias vertentes não significa que o Movimento Feminista é simplesmente um estilo de vida, percebam, leitoras, que todas as vertentes tem uma coisa em comum: a Luta e a Construção Histórica! Portanto, conforme nos ensina bell hooks no seu livro “O Feminismo é para Todo Mundo”, o feminismo não é um estilo de vida!

Feminismo Liberal

Tendo suas origens presentes desde a Primeira Onda Feminista, o Feminismo Liberal é uma Vertente do Feminismo que se baseia na libertação individualizada de mulheres e na igualdade conquistada apenas no ambiente de trabalho.

Pensando apenas no cenário de mulheres privilegiadas – das classes altas, brancas, escolarizadas – acredita na igualdade dessas mulheres com homens com o mesmo status social que elas.

Geralmente, é a vertente do feminismo mais bem aceita pela mídia e pelas grandes corporações e, por isso, o primeiro feminismo que muitas mulheres e meninas tem contato.

O Feminismo Liberal se baseia muito mais na meritocracia do que na igualdade. E, por mais que pareça se importar com a diversidade, coloca-a sempre em favor do consumo, como por exemplo: produtos comuns “para mulheres” (giletes, canetas, meias, etc.), autocuidado associado a produtos de skincare caríssimos, terceirização dos trabalhos domésticos para mulheres pobres e, geralmente, negras.

Feminismo Radical

Com surgimento na Segunda Onda do Feminismo, o Feminismo Radical será uma Vertente do Feminismo que se dedica a explicar a opressão das mulheres através de sua condição reprodutora.

Se propõe a explicar, através de um discurso essencialista, “o que é ser mulher” e propõe que, através desse entendimento, os gêneros sejam abolidos enquanto estrutura social.

Seu surgimento na Segunda das Ondas Feministas aconteceu entre mulheres acadêmicas e, mais uma vez, deixou de fora questões importantes sobre outros grupos de mulheres que tem uma experiência diferente, inclusive, com a reprodução.

Atualmente, muitas Feministas Radicais negam a possibilidade da existência de Mulheres Transexuais, argumentando que, por terem nascido em “condição masculina”, ou seja, com o órgão sexual masculino, tiveram e mantém privilégios que são impossíveis de serem desfeitos.

Feminismo Marxista

O Feminismo Marxista marca presença de organização desde a Primeira das Ondas Feministas, isso porque, conforme já revela seu nome, essa vertente anda lado a lado com as teorias desenvolvidas por Karl Marx.

Na Primeira e na Segunda Onda do Feminismo, mulheres dessa Vertente do Feminismo trabalharam arduamente no acolhimento de mulheres pobres e trabalhadoras, construindo uma contraposição importante ao Feminismo Liberal.

Defende que as lutas pelo fim do Sexismo e fim da opressão entre classes sociais que o Capitalismo incentiva devem andar juntas.

Explica que, por mais que as distinções de gênero sejam anteriores ao desenvolvimento do Sistema Capitalista, o Capitalismo se baseia na desigualdade de gênero para manter seu funcionamento político, social, econômico e cultural.

Atualmente, atua lado a lado com as vertentes do feminismo como o Feminismo Negro, Feminismo Interseccional e Feminismo Decolonial alertando sobre os perigos de um feminismo feito apenas para uma ou duas possibilidades do que é ser mulher.

Feminismo Negro

O Feminismo Negro também esteve presente e se articulando desde os primórdios da Primeira Onda Feminista. Assim como as mulheres pobres e trabalhadoras, no surgimento do Movimento Feminista, mulheres negras ocupavam um lugar social muito diferente das precursoras do Feminismo, geralmente letras, brancas e das classes altas.

Essa vertente do Feminismo será marcada desde o seu início por dar protagonismo às mulheres negras, com o emblemático discurso de Sojourner Truth nos Estados Unidos, essa vertente feminista tem como o objetivo pensar como o sexismo atinge de um jeito diferente mulheres negras. Atualmente, se propõe a pensar e analisar seus problemas enquanto trabalhadoras, mães, esposas, e descendentes de pessoas escravizadas no Brasil e no Mundo, com pensadoras como Djamila Ribeiro, Lélia Gonzáles, Angela Davis e bell hooks

Feminismo Interseccional

Fruto da Terceira das Ondas Feministas, o Feminismo Interseccional dialoga com outras vertentes do feminismo, como o Feminismo Marxista, o Feminismo Negro, o Feminismo Decolonial e o Transfeminismo.

Se preocupando em fazer análises mais profundas sobre os impactos do sexismo nos mais variados grupos de mulheres, o Feminismo Intersecional faz diálogos importantes com os movimentos negros, LGBTQIA+, e de classe.

Para fazer suas análises dentro da Interseccionalidade, essa vertente do feminismo trabalha com os seguintes eixos de pensamento: 1) Estrutural – organização social e história cria vivências de opressões diferentes.; 2) Política – Presença ou Ausência de Políticas Públicas para proteger, incentivar etc.; 3) Representativa – Cultura Popular e de Massa.

Feminismo Decolonial

O Feminismo Decolonial é fruto da Quarta das Ondas Feministas! Essa vertente do feminismo, historicamente recente, busca encontrar como os Colonialismos (dos Séculos XV-XVIII e dos séculos XIX e XX) trouxeram características em comum entre as mulheres de locais que foram colonizados, como é o caso das mulheres da América Latina, da África e da Ásia, principalmente.

Dialoga, principalmente,  com o Feminismo Marxista, Feminismo Negro e Feminismo Interseccional.

Transfeminismo

O Transfeminismo transita entre a Terceira e a Quarta das Ondas Feministas. Surgindo junto com a organização dos Movimentos LGBTQIA+, principalmente depois da Batalha de Stonewall, vem para pensar como o sexismo atinge de uma maneira diferente Mulheres Transexuais.

Essa vertente do feminismo tem por objetivo deixar evidente as violências que mulheres sexuais sofrem por não ficarem restritas às ideologias de gênero sobre o que é “Feminino” e “Masculino” designados sempre logo após o nascimento.

Um documento chamado “Manifesto Transexual” (2001) será fundamental para a organização do Transfeminismo onde fica explicitado a luta dessa vertente por direitos e políticas públicas é cotidiana, reconhecimento de suas existências e de seus gêneros, segurança e respeito.

Conclusão

Com a Quarta Onda Feminista, essas vertentes do feminismo estão presentes em todas a redes sociais e, apesar de todas fazerem parte do Movimento Feminista, cabe a nós fazermos a escolha de quais vertentes do feminismo queremos dar voz e construir destaque. Lembrando que, conforme nos ensinou bell hooks e a Historiadelas assina embaixo, o Feminismo precisa ser para TODO MUNDO.

Foto colorida da escritora feminista Bel Hooks, usando uma blusa preta, um colar e um batom vermelhos, com brincos de argola. Há flores alaranjadas ao fundo.
Bell Hooks já deixou o caminho: O Feminismo é para Todo Mundo!

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Referências Bibliográficas do Artigo

ARRUZZA, Cinzia; BHATTACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy. Feminismo para os 99%: um manifesto. São Paulo: Boitempo, 2019. 128 p.

DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

HOOKS, Bell. O Feminismo é para todo mundo. São Paulo: Rosa dos Tempos; 16ª edição, 2018. 175 p.

NASCIMENTO, Letícia. Transfeminismo. São Paulo: Editora Jandaíra, 2021. 192 p. (Feminismos Plurais).

SCOTT, Joan. A Invisibilidade da Experiência. In: Projeto História, nº16, 1998, p. 2297-327.

SCOTT, Joan. Gênero: Uma Categoria Útil para Análise Histórica. Nova York: Columbia University Press, 1989. (Trad: Christine Rufino Dabat, Maria Betânia Ávila)

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